Capela do Santo Sepulcro em Caxias do Sul RS

Capela do Santo Sepulcro

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Fachada
A Capela do Santo Sepulcro, em Caxias do Sul, no Brasil, é uma pequena edificação da Igreja Católica que abriga em seu interior uma cripta com um raro grupo escultórico em madeira, representando a cena da lamentação do Senhor Morto.
A capela é construída de pedra e tijolos maciços, com pilares demarcados em relevo, e aberturas ogivais e pináculos definidores de seu estilo neo-gótico. Possui uma única torre, servindo de campanário, encimando o centro da fachada. Ao longo do tempo perdeu algumas de suas características originais, como a cobertura de telhas francesas (hoje de zinco), os ladrilhos hidráulicos do piso da cripta (hoje lajotas cerâmicas), e os lustres de vidro Murano, substituídos por iluminação fluorescente. Reformas na iluminação da cripta também dissiparam a antiga atmosfera penumbrosa que inspirava maior recolhimento e devoção, e hoje o local mais se parece a uma sala de museu. Mesmo assim a capela foi declarada Patrimônio Histórico Municipal em 30 de julho de 2006, em virtude de seu precioso acervo artístico e de suas características arquitetônicas diferenciadas, únicas na região.

[editar] História, arte e devoção

A capela que existe atualmente foi erguida atendendo a um pedido in extremis de Benvenuto Conte à sua filha Genoveva Conte Pieruccini, que cumpriu o desejo final do pai com a ajuda da comunidade e do arquiteto Luigi Valiera, sendo inaugurada em 31 de janeiro de 1937 com a presença do Bispo Dom José Barea. O prédio substituiu a antiga capela de madeira com chão de terra batida construída por Conte no final do século XIX.

Cripta
Imigrante italiano, proveniente de Treviso, Conte chegou em Caxias do Sul, então o Campo dos Bugres, por volta de 1878, após ter visitado a Terra Santa. Construiu sua moradia na atual Avenida Júlio de Castilhos e, ao lado dessa, um pequeno santuário. Impressionado com o cenário visto na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, Benvenuto Conte tentou reproduzi-lo no pequeno santuário. Mesmo não tendo prática de escultura, Conte criou, em madeira de lei, em tamanho natural, quatro soldados da guarda romana; uma imagem de José de Arimatéia; três figuras femininas representando a Virgem Maria, Maria Madalena e Maria Mãe de Thiago; um menino (que teria recolhido os cravos da crucificação); e o Senhor Morto, neste auxiliado por Pietro Stangherlin, que esculpiu o rosto e as mãos.
Suas feições gerais são muito simplificadas, quase toscas, mas encantam a sua espontaneidade e sabor popular, dando ao conjunto um incontestável valor artístico, religioso e histórico. As imagens, com exceção do Cristo Morto, possuem pernas e braços articuláveis, e são vestidas com trajes de tecido, que ao longo dos anos têm sido substituídos. Porém as armaduras dos soldados, feitas com pequenas placas de metal costuradas sobre um grosso tecido, são originais. As peças formam um quadro evocativo e encontram-se em uma cripta que faz parte do santuário desde a sua primeira construção, no final do século XIX, e não tem similar na região. Além dessas imagens, pode-se admirar outras belas peças em gesso de Michelangelo Zambelli, santeiro afamado na região, tais como a Nossa Senhora das Dores (1938), e Nosso Senhor dos Passos (com olhos de cristal e dentes artificiais, de 1942), um vivo afresco de Aldo Locatelli, de 1952, figurando a ressurreição de Cristo, sobre o altar principal, e uma formosa série de 14 vitrais com as cenas da Via Sacra, elaborados por Hans Viet & Cia, de Porto Alegre.

[editar] Tradições


Vitral
A pequena capela tornou-se um centro religioso de vida própria, com diversas cerimônias e festividades especiais. As mais conhecidas e populares eram a Transladação, quando a imagem de Nossa Senhora das Dores era levada em procissão até a Catedral, e a Procissão do Encontro, realizada alguns dias depois. Saindo da Capela do Santo Sepulcro, Nosso Senhor dos Passos encontrava-se, no cruzamento da rua Guia Lopes com Avenida Júlio de Castilhos, com a imagem de Nossa Senhora das Dores, que voltava da Catedral. Nesse local, realizava-se o Sermão da Lágrima e as duas imagens retornavam à sua casa. Também integrava os rituais o Beijo do Senhor Morto, que acontecia na Sexta-feira Santa, reunindo milhares de fiéis. Por conta da modernização dos hábitos, esta é a única cerimônia que ainda permanece e atrai considerável número de pessoas.

[editar] Ligações externas